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12/09/20 - "Paris, Te Amo" e "Fotografia, Poemas e Textos"

Atualizado: 17 de jan. de 2022


Vinte e um cineastas de todo mundo, dirigem pequenas histórias românticas que se passam em Paris. A Fotografia, os poemas e os textos, foram gentilmente selecionados pelos integrantes da Confraria.






Filme | "Paris, Te Amo"


 

Esta imagem fará parte da discussão da nossa ciranda do dia 12/09/2020.



 

Fotografia | Anita y Marcos 62 años de amor


Material para leitura:


Amor em várias formas.


“Ritinha: - Mãe, se eu morrer cê chora? Glória: - Ih! Choro até secar.”


“Stella me confiou um segredo. Seja abençoada por isso. Hoje me visitou um modo de salvação. O que não for paciente, nem benigno, nem misericordioso, não será amor.”

“Glória chegou da rua e se estirou na cama: - Não aguento ficar velha, Gabriel, não aguento. Ele disse: Deixa eu cortar sua unha, todo mundo fica velho. - Mas eu fico do jeito pior. - Fica nada, que unha dura, dona Glorinha. A mão de Gabriel pegando um a um os dedos do seu pé, ela querendo segurar aquele instante de felicidade.”


“Doida pra chegar a novela das sete pra ver o Anselmo Vargas namorar a artista principal, Glória misturava ele com Castro Alves, com Gabriel e lambia o bom de ser gente que pode namorar.”


Do livro Cacos para um vitral, Adélia Prado.

Por Valéria Sangiorno


 


Filme 1 | Montmartre


Dirigido, escrito e protagonizado pelo realizador grego Bruno Podalydès, mostra um homem que quer estacionar seu carro enquanto reflete sobre suas atitudes e sobre a própria vida.


Material para leitura:


Soneto LXVI


Não te quero senão porque te quero

e de querer-te a não querer-te chego

e de esperar-te quando não te espero

passa meu coração do frio ao fogo.

Quero-te apenas porque a ti eu quero,

a ti odeio sem fim e, odiando-te, te suplico,

e a medida do meu amor viajante

é não ver-te e amar-te como um cego.

Consumirá talvez a luz de Janeiro,

o seu raio cruel, meu coração inteiro,

roubando-me a chave do sossego.

Nesta história apenas eu morro

e morrerei de amor porque te quero,

porque te quero, amor, a sangue e fogo.


Pablo Neruda

Por Lígia 


 


Filme 2 | Quais de Seine


A diretora de origem indiana Gurinder Chadha, fala da atração que surge entre um garoto francês e uma moça muçulmana. Estranhamento, compreensão e sinceridade caminham juntos neste simpático libelo de paz.

Material para leitura:


As Sem- Razões do Amor


Eu te amo porque te amo

Não precisas ser amante

E nem sempre sabes sê-lo

Eu te amo porque te amo

Amor é estado de graça

E com amor não se paga

Amor é dado de graça

É semeado no vento

Na cachoeira, no eclipse

Amor foge a dicionários

E a regulamentos vários 

Eu te amo porque eu te amo

Bastante ou demais a mim

Porque amor não se troca

Não se conjuga nem se ama

Porque amor é amor a nada

Feliz e forte em si mesmo

Amor é primo da morte

E da morte vencedor

Por mais que o matem (e matam)

A cada instante de amor


Drumond

Nícia Amorim


 


Filme 3 | Le Marais


O norte-americano Gus Van Sant, dirige com elegância e sensualidade. Mas a trama vai além do óbvio desejo que surge entre dois rapazes. Espiritualidade, destino e a procura por uma alma gêmea, independente do corpo e sexo em que ela se apresenta, eleva a discussão. 


Material para leitura:


Amor à primeira vista

  Ambos estão certos de que uma paixão súbita os uniu.  É bela essa certeza, mas é ainda mais bela a incerteza. Acham que por não terem se encontrado antes  nunca havia se passado nada entre eles. Mas e as ruas, escadas, corredores nos quais há muito talvez se tenham cruzado?  (...) Porque afinal cada começo  é só continuação  e o livro dos eventos  está sempre aberto no meio.


Wislawa Szymborska Por Léa Macedo


 


Filme 4 | Tuileries

Os irmãos Joel e Ethan Coen, criam o mais cômico dos segmentos. Steve Buscemi, é um turista que acaba no meio da pegação de um casal de namorados, numa estação de metrô e se vê envolvido num jogo de ciúmes e sedução.


Material para leitura:


Ama-me. Embora te pareça 

Demasiado intensa. E de asperezas.

E transitória se tu me repensas. 

(II, Júbilo, memória, noviciado de paixão)

Hilda Hilst

Por Léa Macedo


 


Filme 5 | Loin du 16e


Os brasileiros Walter Salles e Daniela Thomas, contam em Longe do 16º Distrito com o desempenho marcante da atriz colombiana indicada ao Oscar Catalina Sandino-Moreno. Emocionante, simples e bastante direto, comove com palavras escassas e olhares de muitos significados.


Material para leitura:


Retrato de um grande Amor


"Eternamente não é o que dura para sempre, mas sim o que dura um segundo, e é capaz de marcar tão fundo, que se faz impossível de esquecer "


Carlos Drummond de Andrade

Por Marta de Barros


 


Filme 6 | Porte de Choisy


O australiano Christopher Doyle, responde pelo mais surreal de todos os segmentos. Cabeleireiras orientais, desencontros, e a presença do diretor Barbet Schroeder, como ator, nos levam a um desfecho inusitado.


Material para leitura:


Li um dia, não sei onde

Li um dia, não sei onde,

Que em todos os namorados

Uns amam muito, e os outros

Contentam - se em ser amados

Fico a cismar pensativa

Neste mistério encantado...

Diga pra mim: de nós dois

Quem ama e quem é amado?...


Florbela Espanca

Por Ana Cláudia


 


Filme 7 | Bastille


A espanhola Isabel Coixet, fala da tentativa de um casal em crise de salvar a relação após descobrirem que a mulher está com câncer. As ótimas atuações de Miranda Richardson e de Sergio Castellitto, por si só, já valem a conferida.


Material para leitura:

A Carolina


Querida, ao pé do leito derradeiro

Em que descansas dessa longa vida,

Aqui venho e virei, pobre querida,

Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro

Que, a despeito de toda humana lida,

Fez a nossa existência apetecida

E num recanto pôs um mundo inteiro.

Trago-te flores, - restos arrancados

Da terra que nos viu passar unidos

E ora mortos nos deixa separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos

Pensamentos de vida formulados,

São pensamentos idos e vividos.


Machado de Assis

Por Sueli Prado


 


Filme 8 | Place des Victories

O diretor japonês Nobuhiro Suwa joga nos ombros da sempre excelente Juliette Binoche, a responsabilidade de nos conduzir pela dor e sofrimento de uma mãe que sofre pela morte recente do filho. Tudo é tão sensível, delicado e bem exposto e ainda conta com a participação de Willem Dafoe representando a ponte entre o Céu e a Terra.


Material para leitura:


Afora o teu amor

para mim

não há mar,

e a dor do teu amor nem a lágrima  alivia.

Afora o teu amor

para mim não  há  sol,

e eu não  sei onde estás  e com quem.

Se ela assim torturasse um poeta,

ele trocaria sua amada por dinheiro e glória, 

mas a mim

Nenhum som me importa

Afora o som do teu nome que eu adoro.

E não  me lançarei no abismo,

e não beberei veneno,

e não poderei apertar na têmpora o gatilho.

Afora o teu olhar

nenhuma lâmina me atrai com seu brilho.

Deixa-me ao menos 

arrelvar numa última  carícia 

teu passo que se apressa.


Maiakóvski -  Petrogrado - maio de 1916

Por Ivete Boulos


 


Filme 9 | Torre Eiffel

Sylvain Chomet, da adorável animação As Bicicletas de Belleville, nos mostra a história de amor que surge entre dois mímicos. Divertida, terna e muito bem humorada, traz um pouco de luz após o baque dramático do episódio anterior.


Material para leitura:


Casamento


Há mulheres que dizem: Meu marido, se quiser pescar, pesque, mas que limpe os peixes. Eu não. A qualquer hora da noite me levanto, ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha, de vez em quando os cotovelos se esbarram, ele fala coisas como ‘este foi difícil’ ‘prateou no ar dando rabanadas’ e faz o gesto com a mão. O silêncio de quando nos vimos a primeira vez atravessa a cozinha como um rio profundo. Por fim, os peixes na travessa, vamos dormir. Coisas prateadas espocam: somos noivo e noiva.


Adélia Prado

Por Edmea


 


Filme 10 | Parc Monceau


O mexicano Alfonso Cuarón, continua explorando as possibilidades de um plano-seqüência, muito bem exemplificadas no seu último filme, Filhos da Esperança, neste encontro de um pai com sua filha adolescente.


Material para leitura:


Você está tão longe

que às vezes penso

que nem existo.

Nem fale em amor

que amor é isto.


Haicai de Paulo Leminski Por Ângela Mogadouro


 


Filme 11 | Quartier des Enfants Rouges


O diretor francês Oliver Assayas, neutraliza as emoções nesta análise distante sobre o relacionamento que poderá surgir (ou não) entre uma atriz norte-americana e o rapaz que lhe irá conseguir a droga que está buscando.


Material para leitura:


Ama - me. É tempo ainda. Interroga - me.

E eu te direi que o nosso tempo é agora.

Esplêndida avidez, vasta ventura

Porque é mais vasto o sonho que elabora

Há tanto tempo sua própria tessitura.

Ama - me. Embora eu te pareça

Demasiado intensa. E de aspereza.

E transitória se tu me repensas.


Hilda Hilst

Por Aninha


 


Filme 12 | Place des Fêtes


O sul-africano Oliver Schmitz, entrega o mais emocionante e triste de todos os episódios. Impossível não se comover com o amor que surge entre uma paramédica e um emigrante esfaqueado em praça pública. Nem sempre a pessoa pela qual esperamos toda uma vida chega à tempo para podermos desfrutar da companhia dela, mas ao menos estes dois protagonistas conseguiram cruzar seus olhares, nem que por meros segundos. Extremamente romântico, chocante e muito bem construído, traz esperança e desespero na mesma medida. Uma obra-prima!


Material para leitura:

"Amar é mudar a alma de casa."


Mario Quintana

Por Maíce 


 


Filme 13 | Pigalle


Assim como Bastille, esse aqui também vale de antemão já pelos protagonistas, a fabulosa Fanny Ardant e o divertido Bob Hoskins. Com direção do norte-americano Richard Lagravenese, é uma interessante abordagem sobre a redescoberta do amor durante a maturidade, tendo à frente um casal que inventa um jogo particular para manter acesa a paixão entre eles.

Material para leitura:


"Os amantes não se encontram finalmente nalgum lugar.

Eles sempre estiveram um dentro do outro." 


Rumi

Por Evaldira 


 


Filme 14 | Quartier de la Madeleine


O diretor e roteirista Vincenzo Natali não esconde seu passado de diretor de arte no mais visualmente interessante de todos os episódios, nesta trama de vampiros e turistas desavisados. É uma história de amor curiosa. Como protagonista, Elijah Wood.


Material para leitura:


Amor violeta


O amor me fere é debaixo do braço,

de um vão entre as costelas.

Atinge meu coração é por esta via inclinada.

Eu ponho o amor no pilão com cinza e grão roxo e soco.

Macero ele, 

faço dele cataplasma e ponho sobre a ferida.


Adélia Prado

Por Denise Bianchi 


 


Filme 15 | Père-Lachaise


O diretor Wes Craven, deixa de lado seu passado de monstros e assassinos para mostrar os humores que conduzem um casal pelos corredores do mais famoso cemitério de Paris. O roteiro muito bem elaborado, os diálogos marcantes e uma aparição do cineasta Alexander Payne como o escritor Oscar Wilde fazem deste, surpreendentemente, um dos melhores do conjunto.


Material para leitura:


Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói, e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;

É um andar solitário entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões

Por Clara Nunes 


 


Filme 16 | Fauborg Saint-Denis


O alemão Tom Tykwer, tem a ótima Natalie Portman como protagonista de um amor que surge entre uma atriz iniciante e um jovem cego. A montagem instigante e o desenrolar da ação faz com que nosso olhar não se desprenda da tela.