Realização: A Casa Frida & Confraria da Padoca
Este projeto foi concebido em parceria pela Confraria da Padoca Filosófica e o Grupo A Casa Frida.
Recomendamos que a leitura NÃO seja feita pelo PDF que enviamos. Não há nada melhor que ter um livro físico nas mãos e, seguindo os caminhos de Guimarães, ter um bloco de anotações com um lápis para deixar guardado partes importantes dessa travessia.
Recomendamos a edição de bolso da Companhia das Letras (pelo valor acessível, ou adquirida através da cesta temática criada especialmente para este evento - maiores informações no site padocafilosofica.com.br/cestasartesanais ),
vamos nos enveredar ...
Livro de Bolso Grande Sertão: Veredas - da página 116 até 179.
Até a frase - "Mas Diadorim, por onde queria, me levava. Tenho que, quando eu pensava em Otacília, Diadorim adivinhava, sabia, sofria."
Edição Normal Companhia das Letras Grande Sertão: Veredas: da página 96 até a página 146.
As demais edições deverão ser lidas até a diagramação final do PDF do material de apoio.
Os encontros vão acontecer toda última quinta-feira do mês, das 19:30 às 21:00 hs, por dez meses consecutivos.
O material de apoio vai ser enviado por e-mail nos dias subsequentes das cirandas.
A cada encontro, DEVERÁ SER FEITO UMA NOVA INSCRIÇÃO para que possamos enviar
o link. Qualquer dúvida, estamos à disposição para maiores informações.
MATERIAL DE APOIO - Encontro 3 (28/10)
GRANDE SERTÃO: VEREDAS por Walter Avancini
Walter Avancini vai e volta na direção de Grande Sertão: Veredas. Temos a sensação de que ele busca através dos personagens, uma forma de se decifrar, de se achar, de se conectar com o bem e o mal e conseguir se entender. Somos humanos, falhos, errantes - mas com uma sede de um rio enorme de encontrar um significado para nossa existência. Por que Guimarães, por que o Sertão? Para encontrar no fundo do rio um pedacinho de poesia, no canto dos pássaros a vida e no cheiro da flor de buriti um naco de amor.
MANUELZINHO DA CROA
"É aquele lá: lindo! Era o manuelzinho-da-crôa, sempre em casal, indo por cima da areia lisa, eles altas perninhas vermelhas, esteiadas muito atrás traseiras, desempinadinhos, peitudos, escrupulosos catando suas coisinhas para comer alimentação. Machozinho e fêmea - às vezes davam beijos de biquinquim - a galinholagem deles. É preciso olhar para esses com um todo carinho. (...) Sempre me lembro. de todos, o pássaro mais bonito gentil que existe é mesmo o manuelzinho-da-crôa."
HERMÓGENES
"Ele gostava de matar, por seu miúdo regozijo. Nem contava valentias, vivia dizendo que não era mau. Mas outra vez, quando um inimigo foi pego, ele mandou: Guardem este. Sei o que foi. Levaram aquele homem, entre as árvores duma capoeirinha, o pobre ficou lá, nhento, amarrado na estaca. O Hermógenes não tinha pressa nenhuma, estava sentado, recostado. A gente podia caçar a alegria pior nos olhos dele. Depois dum tempo, ia lá, sozinho, calmoso? Consumia horas, afiando a faca. (...) Então olhava o pé dele - um pé enorme, descalço, cheio de coceiras, frieiras de remeiro do rio, pé-pubo. Olhava as mãos. Eu acabava achando que tanta ruindade só conseguia estar naquelas mãos, olhava para elas, mais, com asco."
"A mais bela armadilha do diabo é persuadir-nos de que ele não existe." Charles Baudelaire, As Litanias de Satã.
"Do demo? Não gloso. Senhor pergunte aos moradores. Em falso receio,desfalam no nome dele - dizem só: o "Que-Diga". Vôte! Não... Quem muito se evita, se convive."
"O Arrenegado, o Cão, o Cramulhão, o Indivíduo, o Galhardo, o Pé- de- Pato, o Sujo, o Homem, o Tisnado, o Côxo, o Temba, o Azarape, o Coisa-Ruim, o Mafarro, o Pé- Preto, o Canho, o Duba- Dubá, o Rapaz, o Tristonho, o Não-sei-que-diga, o Que-nunca-se-ri, o Sem- Gracejos...Pois não existe! E, se não existe, como é que se pode se contratar pacto com ele?"
Dentro do homem humano pode surgir, a qualquer hora, o cão de cada um.
“Como era Hermógenes? Como vou dizer ao senhor...? Bem, em bró de fantasia: ele grosso misturado – dum cavalo e duma jiboia... Ou um cachorro grande.” A primeira impressão que Riobaldo tem de Hermógenes é conjugada ao elemento disforme, que “se arrastava (...) que nem queria levantar os pés do chão”, tal como uma cobra ou outro ser rastejante.
Mencionado também como “homem sem anjo-da-guarda”, Hermógenes retrata, na estória, o apelo ao bestiário demoníaco – é associado ao cavalo, à jiboia, ao cão, a um caramujo de sombra, ao tigre e ao lobisomem – características que reforçam a sua condição de meio homem, meio demônio.
GRANDE SERTÃO por Antonio Abujambra
"Afirmo ao senhor, do que vivi: o mais difícil não é um ser bom e proceder honesto; dificultoso, mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até no rabo da palavra."
Zé Bebelo tinha em Joãozinho Bem-Bem sua grande inspiração, se nomeia a partir dele. O personagem pertence ao conto "A Hora e Vez de Augusto Matraga" do livro Sagarana. Recomendamos que conheçam o conto:
"O único homem-jagunço que eu podia acatar, siô Baldo, já está falecido… Agora, temos de render este serviço à pátria - tudo é nacional! Esse já tinha morrido, que ele falava, era Joãozinho Bem-Bem, das Aroeiras, de redondeante fama. Se dizia, tinha estudado a vida dele, nos pormenores, com tanta devoção especial, que até um apelido em si se apôs: Zé Bebelo; causa que, de nome, em verdade, era José Rebêlo Adro Antunes.”
João Guimarães Rosa e Vinícius Coimbra em "A Hora e a Vez de Augusto Matraga"
Conto e filme discutido na Confraria da Padoca, onde se pode ter conhecimento da saga do herói Augusto Matraga e sua travessia com Joãozinho Bem-Bem.
Playlist interativa para acompanhar as leituras:
Os participantes da playlist podem adicionar músicas relacionadas.
Nuvens de palavras
Na nossa ciranda de leitura sobre a obra Grande Sertão: Veredas, recebemos um presente poético.
José Carlos de Souza, integrante do grupo, nos presenteou com uma nuvem de palavras que é uma representação visual das palavras e frases mais comuns das respostas abertas.
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