Realização: A Casa Frida & Confraria das Lagartixas
Segunda Parte da Leitura do Livro "O Amor nos Tempos do Cólera" de Gabriel García Márques
Como acompanhar a nossa ciranda com a leitura
Parágrafo Inicial:
“Florentino Ariza, por outro lado, não deixara de pensar nela um único instante desde que Fermina Daza o rachaçou sem apelação depois de uns amores longos e contrariados, e haviam transcorrido a partir de então cinqüenta e um anos, nove meses e quatro dias." (Na Record, tradução de Antônio Callado, inicia na página 71)
Parágrafo final:
“Florentino Ariza nunca mais teve a oportunidade de ver a sós Fermina Daza, nem de falar a sós com ela nos tantos encontros de suas mui longas vidas, até cinquenta e um anos, nove meses e quatro dias mais tarde, quando lhe reiterou o juramente de fidelidade eterna e amor para todo o sempre em sua primeira noite de viúva.”
(Na Record, tradução de Antônio Callado, vai até a página 132)
Para nossa próxima travessia literária, estipulamos o valor mínimo de R$ 20 por encontro, como forma de contribuição simbólica. Para cobrir custos com marketing e divulgação, aluguel da sala digital, além da curadoria da Confraria das Lagartixas e da A Casa Frida.
Gabriel García Márquez – aforismos e excertos
“Mergulhei nas letras românticas que tanto repudiei quando minha mãe quis me forçar a ler e gostar, e através delas tomei consciência de que a força invencível que impulsionou o mundo não foram os amores felizes e sim os contrariados.”
– Gabriel García Márquez, no livro “Memória de minhas putas tristes”. Rio de Janeiro: Record, 2005.
“Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem da minha natureza.”
– Gabriel García Márquez, no livro “Memória de minhas putas tristes”. [tradução Eric Nepomuceno]. Rio de Janeiro: Record, 2005.
“Certa vez ele dissera algo que ela não podia conceber: os amputados sentem dores, cãibras, cócegas, na perna que não têm mais. Assim se sentia ela sem ele, sentindo que ele estava onde não mais se encontrava.” – Gabriel García Márquez, no livro “O amor nos tempos do cólera”. [tradução Antônio Callado]. 35ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2009.
“[…] achava mais fácil suportar as dores alheias que as próprias.” – Gabriel García Márquez, no livro “O amor nos tempos do cólera”. [tradução Antônio Callado]. 35ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2009.
“[…] nunca teve pretensões a amar e ser amada, embora sempre nutrisse a esperança de encontrar algo que fosse como o amor, mas sem os problemas do amor.” – Gabriel García Márquez, no livro “O amor nos tempos do cólera”. [tradução Antônio Callado]. 35ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2009.
“Era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a esse artifício conseguimos suportar o passado.” – Gabriel García Márquez, no livro “O amor nos tempos do cólera”. [tradução Antônio Callado]. 35ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2009.
“[…] tinha vivido junto o suficiente para perceber que o amor era o amor em qualquer tempo e em qualquer parte, mas tanto mais denso fica quando mais perto da morte.” – Gabriel García Márquez, no livro “O amor nos tempos do cólera”. [tradução Antônio Callado]. 35ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2009.
“Lembrou a ele que os fracos não entram jamais no reino do amor, que é um reino impiedoso e mesquinho, e que as mulheres só se entregam aos homens de ânimo resoluto, porque lhes infundem a segurança pela qual tanto anseiam para enfrentar a vida.” – Gabriel García Márquez, no livro “O amor nos tempos do cólera”. [tradução Antônio Callado]. 35ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2009.
– Responda a ele que sim – disse.– Ainda que você esteja morrendo de medo, ainda que depois se arrependa, porque seja como for você se arrependera a vida inteira se disser a ele que não. – Gabriel García Márquez, no livro “O amor nos tempos do cólera”. [tradução tradução Antônio Callado]. 35ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2009.
“Um homem sabe quando começa a envelhecer porque começa a parecer com o pai.” – Gabriel García Márquez, no livro “O amor nos tempos do cólera”. [tradução Antônio Callado]. 35ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2009.
“A vida é a melhor coisa que já se inventou.” – Gabriel García Márquez, no livro “Ninguém escreve ao Coronel”. [tradução de Danubio Rodrigues; ilustração de Carybé]. 24ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2011.
“O Amor nos Tempos de Cólera” – Gabriel García Márquez
por Helena Rodrigues
Em pleno século XX, na cidade costeira de Cartagena, na Colômbia, o doutor Juvenal Urbino morre na sequência de uma queda de uma árvore ao tentar capturar o seu papagaio, que fugira. Fermina Daza, mulher do médico, vê-se assim a braços com o luto e com a sensação de vazio que se segue à perda daqueles com quem se partilha a vida de todos os dias. Ainda à deriva no mar do luto, é com incredulidade que Fermina se depara, no fim do velório do marido, com a figura lúgubre de Florentino Ariza, que viera de propósito para lhe declarar a persistência dos seus votos juvenis de amor eterno.
É esta irrupção despropositada de emoções que motiva a analepse que nos transporta até ao final do século XIX, à época em que Florentino Ariza e Fermina Daza, jovens, ingénuos e amantes platónicos, trocavam cartas de amor e sonhavam com um futuro em que a sua paixão poderia florescer livremente e em todo o seu esplendor. No entanto, a passagem do tempo e a imposição da realidade não deram margem ao jovem casal para realizar os seus planos: quando puderam voltar a ver-se, depois de uma longa viagem que o pai de Fermina a obrigara a fazer para esquecer Florentino, a rapariga foi tomada pela desilusão e percebeu que três anos de cartas não tinham resultado em nada senão ilusões.
Com o passar dos anos e por influência da família, Fermina Daza acaba por casar com o doutor Juvenal Urbino, um médico conceituado que concluíra os seus estudos no estrangeiro e cujo pai se destacara no combate à epidemia de cólera que assolara o país, algumas décadas atrás. Enquanto Fermina se dedica à sua nova vida, serpenteando entre a sua nova classe, desfrutando de viagens e aprendendo que um casamento, mais do que a felicidade, persegue a estabilidade, Florentino Ariza salta de mulher em mulher, recusando qualquer compromisso que pusesse em causa o propósito mais elevado da sua vida: reconquistar Fermina Daza.
Poderá uma paixão juvenil durar para sempre?
Num romance circular que cobre a vida inteira das suas personagens principais, Gabriel García Márquez retrata com mestria a complexidade do amor nas suas diversas formas: o amor ilusório, o amor casual, o amor instituído por um casamento sem paixão e o amor verdadeiro que não conhece limites. Tratando-se de um enredo mais desenrolado em torno das personagens do que concentrado numa sequência de eventos, O Amor nos Tempos de Cólera constitui um testemunho da força inexorável do amor e uma prova de que a busca da felicidade não tem um meio nem uma idade própria.
Apesar de ter apreciado a maneira como Márquez, sem recorrer a grandes artifícios de linguagem e reviravoltas da ação, capta as metamorfoses na vivência do amor ao longo da vida, não nego que me senti um pouco incomodada com o episódio de pedofilia que constitui a última paixoneta de Florentino Ariza. No entanto, e dado que a literatura deve ser encarada como uma arte alheia aos padrões da vida real, penso que o leitor deve ter a flexibilidade necessária para o observar como a representação de mais uma das faces do amor e, posteriormente, das consequências que dele podem resultar.
Por fim, ao iniciar-se com uma revelação acerca de um recém-falecido e evoluindo através das relações ocultas e sentimentos reprimidos de todo um universo de personagens com vida própria, este é um livro sobre os segredos que, como diria Carlos Ruiz Zafón, todos escondem “no sótão da alma”.
Assim, O Amor nos Tempos de Cólera não é só um romance sobre o amor nas suas variadas formas, mas também uma história sobre o luto, o desejo, as disparidades sociais, a felicidade e o preconceito. Um romance que vem provar-nos que, de facto, numa vida cabem muitas.
“deixou-se levar pela sua convicção de que os seres humanos não nascem para sempre no dia em que as suas mães os dão à luz, mas que a vida os obriga a parirem-se a si mesmos.”
Filme | O Amor nos Tempos do Cólera (Mike Newell) - Sequência 02
Música | O Amor em Tempos de Cólera - Fernanda Takai e Virginie Boutaud
O Amor nos Tempos do Cólera por Léa Macedo, inspirada nas obras de Marc Chagall
Léa Macedo flutua nas obras e na vida de Marc Chagall, associando suas imagens ao romance de Gabriel García Márquez - O Amor nos Tempos do Cólera.
Gabo e Chagall
Uma elegia ao amor.
por Ana Cristina Cunha
Ouça a Playlist, clicando aqui.
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Quando?
29/06/23 - Ciranda de Leitura | EP.02
Roda de conversa on-line: das 19h30 às 21h
Onde?
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