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Foto do escritorConfraria das Lagartixas

27/06/24 - EP:04 Ciranda de Leitura - Dom Casmurro de Machado de Assis

Realização: A Casa Frida & Confraria das Lagartixas


27/06/24 - 19h30 - via Zoom

Última quinta-feira do mês.





Quarta Parte da Leitura do Livro "Dom Casmurro" de Machado de Assis


Como acompanhar a nossa ciranda com a leitura


Encontro 4:

Cap 114 ao 148

Cap CXIV ao CXLVIII (final)


Parágrafo Inicial:

"EM QUE SE EXPLICA O EXPLICADO

Antes de ir aos embargos, expliquemos ainda um ponto que já ficou

explicado, mas não bem explicado. Viste que eu pedi (cap. CX) a um professor de

música de S. Paulo que me escrevesse a toada daquele pregão de doces de Matacavalos. Em si, a matéria é chocha, e não vale a pena de um capítulo, quanto mais

dous; mas há matérias tais que trazem ensinamentos interessantes, senão

agradáveis. Expliquemos o explicado.

Capitu e eu tínhamos jurado não esquecer mais aquele pregão; foi em

momento de grande ternura, e o tabelião divino sabe as cousas que se juram em tais

momentos, ele que as registra nos livros eternos."


Até o fim.




 




“Não acredito em adaptações. Adaptações sempre são, de certa forma, um achatamento da obra, um assassinato do texto original.


Por conta disso, defino o trabalho feito na minissérie como uma aproximação. Por isso optei por um outro título, Capitu, diferente de Dom Casmurro, título original do romance. Assim, a ideia da aproximação ficaria ainda mais clara, revelando não se tratar apenas de uma tentativa de transposição de um suporte para outro, e sim de um diálogo com a obra original.


Na minissérie, estou reafirmando a dúvida presente em Dom Casmurro como parte do processo cultural e dialético da modernidade. E acredito que a dúvida não é amoral ou imoral, não é um pecado. O escritor do romance, Machado de Assis surge como um avanço em seu tempo, uma nova proposta estética em relação à literatura da època que se produzia no país e no mundo. A opção pelo caminho da dúvida eleva o romance ao mítico embate entre a mera aparência das coisas e a verdade do mundo.


O início do romance me emociona muito pela ideia da continuação. A primeira vez que um personagem fala no romance – e esse personagem não é outro, senão Dom Casmurro – diz apenas uma palavra ao jovem poeta que o interpreta: ‘Continue’. A fala tem uma força extrema. Gosto de pensar que Machado permaneceu, independentemente da alta qualidade de sua literatura, porque soube continuar, insistir nos seus temas obsessivos, correndo todos os riscos por isso.


A ópera, pela qual Machado era um apaixonado, teve um papel nessa aproximação que proponho com o romance. Ele escreveu e afirmou que “a vida é uma ópera bufa, com alguns entremeios sérios, com alguma música séria”. Quando Machado afirma isso, ele também está querendo refletir sobre o mundo das aparências, onde, muitas vezes, as aparências contam mais do que a própria verdade. Esse é o mundo das máscaras. É o mundo da ópera como metáfora das relações sociais.”


Luiz Fernando Carvalho - cineasta e diretor



“O livro Dom Casmurro não é sobre uma mulher. Embora Capitu seja a grande personagem da literatura brasileira, ela é uma mulher vista por um homem.


A personagem feminina é construída pela fantasia de um homem ciumento. Um homem inseguro da sua masculinidade.


Então me parece que, embora isso não esteja escrito e Machado não estivesse tentando fazer teoria psicanalítica, o que é realmente enigmático para o Bentinho é a sua sexualidade.

Ele não sabe o que Capitu viu nele, do que ela se enamorou. E, a partir daí, a sexualidade dela passa a ser muito ameaçadora pra ele.”


Maria Rita Kehl - psicanalista, jornalista, ensaísta, poetisa, cronista e crítica literária




“Com o passar dos anos houve uma reviravolta na leitura de Dom Casmurro. Num primeiro momento, era ingênua e não punha em xeque a veracidade do relato da obra.


Até que, em 1960, a autora inglesa Helen Caldwell defendeu pela primeira vez a inocência de Capitu. Estava iniciada a polêmica que se mantém até hoje.


Atualmente, críticos literários e professores propõem uma terceira leitura, na qual a questão da existência ou não do adultério não passa de bisbilhotice.


Ela não é importante, mas sim a inovação da obra aberta a interpretações várias.

Existe ainda uma quarta leitura, defendida principalmente pelos mais jovens, de que Bentinho foi traído e mereceu seu destino, por ser um personagem pedante e histérico.

Essa visão refletiria a emancipação da mulher na modernidade.


Em minhas palestras, abordei uma dimensão psicanalítica, como crítico literário, mostrando que Dom Casmurro é escrito sob o signo da dúvida, para quem descobrir se Ezequiel é filho de Escobar seria impossível.


Tematizei a ambigüidade como característica fundamental do livro. Quando faz uma acusação, Machado inocenta Capitu no parágrafo seguinte.”


Sérgio Paulo Rouanet - diplomata, filósofo, antropólogo, professor universitário, tradutor e ensaísta


 


Minissérie | Capitu (Luiz Fernando Carvalho) Globo - Sequência 04 e Final




 




Ouça a Playlist da minissérie Capitu, clicando aqui. 



 

Ciranda de Leitura - Introdução ao livro Dom Casmurro de Machado de Assis



 

COMO PARTICIPAR?


Para nossa próxima travessia literária, estipulamos o valor mínimo de R$ 20 por encontro, como forma de contribuição simbólica. Para cobrir custos com marketing e divulgação, aluguel da sala digital, além da curadoria da Confraria das Lagartixas e da A Casa Frida.

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Basta realizar o cadastro uma vez que a recorrência do pagamento será mensal.






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