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18/03/23 - "Match Point" e "Venha ver o Por do Sol" - Woody Allen e Lygia Fagundes Telles

Atualizado: 10 de abr. de 2023


Confraria das Lagartixas promove Encontro de Cinema, Literatura e Arte.




Amor


Ciúme


Crime


Castigo


Morte


Filme | Match Point - (Woody Allen)


Um professor de tênis conhece uma jovem rica e ingênua, que se apaixona perdidamente por ele, porém, ele apenas a usa como meio de subir na vida, até que conhece uma sedutora aspirante a atriz que vai fazê-lo perder os seus limites e, quem sabe, a sua sorte.





Conto | Venha Ver o Por do Sol - (Lygia Fagundes Telles)


Um homem marca um encontro com sua ex namorada num lugar insólito - um cemitério, onde segundo ele, ela veria o mais lindo pôr do sol da sua vida.


Leia o conto na íntegra, clicando abaixo.






Cinéfila Convidada | Léa Macedo


"Publicitária apaixonada por cinema desde sempre. Desconfio que começou ainda na barriga de minha mãe. E, também, apaixonada por Woody Allen e por seus filmes.

Lembro, quando ainda na faculdade, de emendar até três filmes diferentes em um mesmo dia. O cinema me fascina. Cada filme é uma experiência vivida. Choro, vibro, amo, na intensidade dos personagens.

Com Allen foi amor a primeira vista quando assisti Annie Hall (Noivo Neurótico, Noiva Nervosa - péssima tradução), seguido de Manhattan; depois destes dois nunca mais parei!"



Woody Allen | por Léa Macedo


Woody Allen, nome artístico de Allan Stewart Königsberg, nasceu no Brooklyn - Nova Iorque - no dia 1 de dezembro de 1935. Seu pai era livreiro e restaurador, sua mãe trabalhava de caixa numa floricultura, descendente de judeus de origem alemã, passou sua infância e juventude no Brooklin.

Já como Woody Allen, o jovem começou a escrever para colunas de jornais e programas de rádio. Ao mesmo tempo, frequentava a Universidade de Nova York, mas nunca chegou a se formar. Muito jovem, voltado para o teatro, começou a vender textos de humor para comediantes de jornais e programas de rádio. Em seguida, passou a fazer espetáculos próprios para clubes noturnos, revistas da Broadway e programas de televisão; em seguida partiu para a realização de peças. Allen já mostrava admiração pelo Jazz e começou a tocar saxofone e clarinete. Em 1969, Allen estreou como diretor em “Um Assaltante Bem Trapalhão”. A este se seguiram: “Bananas” (1971), “Tudo Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo, Mas Tinha Medo de Perguntar” (1972), “O Dorminhoco” (1973). Ainda em 1972, protagonizou junto com a atriz Diane Keaton o longa-metragem “Sonhos de Um Sedutor”, de Herbert Ross. A interpretação nessa comédia foi um marco de sua carreira. Allen e Keaton iniciaram uma relação sentimental e juntos participaram de diversos filmes, entre eles, o mais famoso dirigido por Allen, “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (1977), que recebeu quatro premiações do Oscar: Melhor Diretor, Melhor Roteirista e Melhor Filme. O Prêmio de Melhor Atriz foi para Diane Keaton. Depois de rodar o drama, “Interiores” (1979), Allen voltou para a comédia com “Manhattan” (1979), com Meryl Streep e Diane Keaton, um dos mais destacados trabalhos de sua carreira. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro e Melhor Atriz Coadjuvante para Mariel Hemingway. Pouco a pouco os trabalhos de Allen foram mostrando sua forte personalidade com motivos recorrentes como o judaísmo, a psicanálise e a comunicação entre os casais, sem parecer repetitivo. Nessa mesma linha, depois de Manhattan, dirigiu “A Rosa Púrpura do Cairo” (1985), que recebeu, em 1986, o Prêmio BAFTA de Cinema: Melhor Filme. O César de Melhor Filme Estrangeiro e o Globo de Ouro de Melhor Roteiro de Cinema. Ainda em 1986 lançou “Hannah e Suas Irmãs”, uma comédia romântica, que recebeu várias indicações ao Oscar e conquistou o Prêmio de Melhor Roteiro Original, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Ator Coadjuvante, em 1987. O filme foi protagonizado por Mia Farrow, sua nova parceira, depois da separação com Diane Keaton no início dos anos 80. A relação com Mia durou até 1992, quando Allan começou um polêmico envolvimento com Soon Yi filha adotiva de Mia. Allen e Soon Yi permanecem casados e possuem duas filhas. Em 2002, Woody Allen recebeu o Prêmio Príncipe das Astúrias da Arte e em 2007 foi homenageado com o Doctor Honoris Causa pela Universidade Pompeu Fabra de Barcelona. Allen é autor de vários livros em que mostra seu ácido e inteligente humor como “Getting Even” (1971), “Without Feathers” (1975), “Fora de Órbita” (2007), entre outros. Fã de Ingmar Bergman, Grouxo Marx, Federico Fellini, Cole Porter, Fiódor Doistoiévski e Anton Chechov; se tornaram sua grande inspiração. Allen também é conhecido por lançar atrizes. Um lançamento de destaque foi Mira Sorvino, que conquistou o Oscar de melhor atriz coadjuvante pelo papel dado a ela por Allen em Mighty Aphrodite (no Brasil, Poderosa Afrodite). Além de comediante, diretor, roteirista e ator de cinema, Woody Allen tocou, por muitos anos, clarinete semanalmente num bar de Nova Iorque. Sua ligação com a música, principalmente com o Jazz, pode ser conferida em todos os seus filmes, dos quais é responsável também pela escolha da trilha sonora. Em 2002 participou, pela primeira vez, do Festival de Cannes, onde ganhou uma Palma de Ouro pelo conjunto de sua obra. Allen foi indicado 23 vezes e ganhou quatro Oscars: três de Melhor Roteiro Original e um de Melhor Diretor (Annie Hall). Ele tem mais indicações ao Oscar de roteiro do que qualquer outro roteirista: são dezesseis indicações. Ele ganhou nove BAFTA. Hoje com 88 anos segue fazendo filmes, no seu ritmo de quase um por ano. "Só peço que minhas cinzas sejam jogadas perto de uma farmácia" - Woody Allen



Lygia e Woody Allen, se enveredam por um caminho onde o embate do certo e do errado se mesclam, nos deixando perplexos, sem entender quem saiu vitorioso. Esta eterna dualidade está inserida na essência da natureza humana - há sempre uma nova jogada, uma surpresa, um susto e nenhum vencedor.



TRAGÉDIAS GREGAS DA CONTEMPORANEIDADE

por Lúcia Barros Freitas de Alvarenga


Ambos, Conto e Filme, têm um mote comum: assassinato. O Conto, que eu “devorei” em poucos minutos – dada a impecável fluidez da narração - me pareceu fascinante e, ao mesmo tempo, incrivelmente assustador, claustrofóbico, um verdadeiro conto de terror. O que move Ricardo a matar a ex-namorada Raquel é o Ódio, a Raiva, o Ciúme, a Vingança. A autora deixa nas entrelinhas que Ricardo teria sido abandonado por Raquel que, feliz, atualmente estaria casada com outro homem. Ricardo, então, arquiteta um sórdido e cruel plano para se vingar da ex-namorada. A vida como ela é.


No filme, o que move Chris Wilton a matar sua amante Nola Rice é a ânsia do Poder, a Ambição. Após tórrida paixão por Nola, Chris termina por perceber o quanto ela se torna “inconveniente” para os ambiciosos interesses que traçou para o seu Destino e, portanto, arquiteta um plano para eliminar esse “empecilho”, esse “estorvo”, esse “obstáculo”. E, efetivamente, elimina, matando Nola a sangue frio.


Em MATCH POINT, “Ponto Final”, cujo tema versa sobre o papel que a sorte (a roda da fortuna) desempenha na Vida e no Destino das pessoas, percebo um flagrante paralelo com as Tragédias Gregas. Tanto em Édipo, de Sófocles, como em Chris, de Wood Allen, uma característica humana move e define os personagens: a Ambição pelo Poder. Também em ambos (Tragédia e filme) há um “puzzle”, um jogo de quebra-cabeças, onde as peças são montadas e encaixadas para se chegar à Verdade. Esse ponto é que me remete a Michael Foucault, em cujo livro denominado “A verdade e as formas jurídicas” (Rio de Janeiro, Editora Nau, 2005, 158 páginas), ao qual aqui farei referência em alguns momentos, o autor, em determinado trecho, faz uma releitura de Édipo sob o olhar da Justiça, onde o crime vai sendo desvelado pela “prova” através “dos encaixes de metades”:


“(...) Eis a velha e bastante arcaica prática da prova da verdade em que esta é estabelecida judiciariamente não por uma constatação, uma testemunha, um inquérito ou uma inquisição, mas por um jogo de prova. A prova é característica da sociedade grega arcaica. Vamos também reencontrá-la na Alta Idade Média. É evidente que, quando Édipo e toda a cidade de Tebas procuram a verdade, não é este modelo que utilizam. Os séculos passaram. É, entretanto, interessante observar que encontramos ainda na tragédia de Sófocles um ou dois restos da prática de estabelecimento da verdade pela prova.(...) (pág. 33).


Wood Allen – que, para escrever o roteiro do filme, certamente bebeu das águas foucaultianas e dostoievskianas (Crime e Castigo) -, quer constatar isso, mas, por outro lado, talvez, queira nos provar exatamente o contrário.


Revisitei o filme, datado de 2005, quando o vi pela primeira vez. Em ambas as oportunidades, o filme me impressiona e instiga. Desta última, no entanto, passados 18 anos, mais madura e mais atenta, pude me deter a pequenos detalhes que deixam de ser pequenos detalhes se considerarmos como pistas e revelações que, desde o início, Wood Allen, com impecável maestria, vai pouco a pouco descortinando.


A metáfora do jogo de tênis delineia o roteiro. Na Abertura, há duas frases que sintetizam o filme: 1) “O homem que disse prefiro ter sorte a ser bom entendeu o significado da Vida”. 2) “As pessoas temem ver como grande parte da vida depende de sorte. É assustador pensar que boa parte dela foge do nosso controle. Há momentos em que a bola bate no topo da rede e por um segundo ela pode ir para o outro lado ou voltar. Com sorte, ela cai do outro lado e você ganha. Ou talvez não caia e você perca”.


As Óperas, com suas densas melodias, letras e simbolismos, sempre permeiam a profundidade das cenas, trazendo de volta o Drama, o Trágico e a Tragédia dos tempos atuais. La Traviatta, Una furtiva Lágrima, Otello e compositores como Donizetti, Verdi, Carlos Gomes, Rossini, são igualmente atuantes personagens que dão força e intensidade ao filme e formam a perfeita sinfonia que vai compondo esse cenário que, aos olhos do espectador, revelam-se como imagens em série, que tragicamente dançam e se entrelaçam num jogo de encaixes: Chris, o protagonista, é professor de tênis e lê o livro “Crime e Castigo”, de Dostoievski. Chris é irlandês e conhece Tom, que é inglês e o apresenta à irmã, Chloe. Chloe se apaixona por Chris. Chris se apaixona por Nola que é namorada de Tom. O Círculo, perfeito, se fecha.


Pontuo algumas frases ditas por Chris e Nola que também dão pistas do quão conflituoso, turbulento, contraditório e trágico é e será aquele relacionamento – “No que eu me meti!”, “Eu estava bem até você aparecer!”, “Alguém falou que você joga agressivamente!”, “Sou muito competitivo!”, “Você vai se dar muito bem, a menos que dê um passo em falso!”. “Não quero encorajar nada, o que aconteceu, aconteceu, Chris!”. “Tudo fugiu ao controle por vários motivos”!, ”Isso não levará a lugar nenhum!”.


E de fato, levou a lugar nenhum. Em meio à confusão entre paixão, obsessão e ambição, em frente à luxuosa (não por acaso) loja Cartier, Chris conversa com um amigo, contemporâneo das disputas de Tênis, que diz: “É melhor do que ser derrotado por um jogador de elite”. Ao que Chris reponde “Talvez seja a diferença entre o Amor e a Luxúria”. E dá mais uma tremenda pista, cuja frase será melhor interpretada mais tarde: “É incrível ver como a vida pode mudar, se a bola cai na rede ou volta para você”. Match Point.


Completamente obcecado, e mesmo já casado com Chloe, Chris casualmente encontra Nola - com quem Tom havia rompido - e, a partir daí, tornam-se amantes. A tensão, a angústia e o drama vivido com a ambiguidade do duplo relacionamento e de traição em relação à Chloe é transmitido e sentido na pele pelo(a) expectador(a) que, por simbiose, vive essa angústia, essa tensão, esse drama e essa ambiguidade. Paixão e Ambição se contrapõem e estão em constante conflito.


Quando Chris se vê encurralado pela pressão de Nola – que está grávida – diz: “Eu farei a coisa certa”. Resta ao expectador esperançar e vislumbrar o que seria “a coisa certa”. Na sequência, então, o inesperado: Chris irá matar Nola. Ao engendrar seu plano, Chris cuida minuciosamente dos detalhes para não deixar pontas soltas e suspeitas sobre si: simula roubo no apartamento da idosa, vizinha de Nola, e mata a ambas.


A sorte, uma vez mais, está do lado de Chris: o Investigador, ao reconstruir a cena do crime, comenta: “A coitada chegou na hora errada”. Com o que deixa claro que o mistério do crime havia sido por fim desvendado: o roubo na casa da senhora idosa com consequente e inesperada aparição de Nola no elevador, que, “por ter chegado na hora errada”, fora assassinada. E o Policial conclui seu silogismo: “Há pessoas que não têm sorte”. E Tom, ao saber pelos jornais da morte da sua ex-namorada, reafirma essa sentença: “Lugar errado na hora errada”.


Essa frase e a palavra “sorte” são ditas com frequência, para deixar claro que é disso que trata o filme Match Point: “o ponto decisivo”, o inevitável, o inexorável que, uma vez ocorrido, encerra o jogo (de tênis) ou põe fim à Vida.


“(...) Parece-me que esse mecanismo da verdade obedece inicialmente a uma lei, uma espécie de pura forma, que poderíamos chamar de lei das metades. É por metades que se ajustam e se encaixam que a descoberta da verdade procede em Édipo. Édipo manda consultar o deus de Delfos, o rei Apolo. A resposta de Apolo, quando a examinamos em detalhe, é dada em duas partes. Apolo começa por dizer: "O país está atingido por uma conspurcação". A essa primeira resposta falta, de certa forma, uma metade: há uma conspurcação, mas quem conspurcou, ou o que conspurcou? Portanto, há necessidade de se fazer uma segunda pergunta e Édipo força Creonte a dar a segunda resposta, perguntando a que é devida a conspurcação. A segunda metade aparece: o que causou a conspurcação foi um assassinato. Mas quem diz assassinato diz duas coisas. Diz quem foi assassinado e o assassino. Pergunta-se a Apolo: "quem foi assassinado?" A resposta é: Laio, o antigo rei. Pergunta-se: "quem assassinou?" Nesse momento o rei ApoIo se recusa a responder e, como diz Édipo, não se pode forçar a verdade dos deuses. Fica, portanto, faltando uma metade. À conspurcação correspondia a metade do assassinato. Ao assassinato correspondia a primeira metade: "Quem foi assassinado". Mas falta a segunda metade: o nome do assassino. Para saber o nome do assassino, vai ser preciso apelar para alguma coisa, para alguém, já que não se pode forçar a vontade dos deuses. (...)” (A Verdade e as formas jurídicas, pág. 34).


No entanto, Chris parece cometer uma falha: ao atirar no rio, o anel que havia roubado da idosa bate numa proteção de ferro e cai do “lado errado”. Isso, aliado ao diário em que Nola relata, em detalhes, o relacionamento turbulento com Chris, tal como peças de um quebra-cabeças, leva o Investigador policial a suspeitar dele. Ao acompanhar os passos do Investigador, é de se supor a lógica de que Chris por fim seria desmascarado e acusado. Porém, é dito que o anel - que na verdade havia caído do “lado certo” - foi encontrado por um dependente de drogas a quem, ao final, fora atribuída a autoria dos dois crimes.


“(...) O ciclo está fechado. Ele se fechou por uma série de encaixes de metades que se ajustam umas às outras. Como se toda esta longa e complexa história da criança ao mesmo tempo exilada e fugindo da profecia, exilada por causa da profecia, tivesse sido quebrada em dois, e em seguida, cada fragmento partido de novo em dois, e todos esses fragmentos repartidos em mãos diferentes. Foi preciso esta reunião do deus e do seu profeta, de Jocasta e de Édipo, do escravo de Corinto e do escravo do Citerão para que todas estas metades e metades de metades viessem ajustar-se umas às outras, adaptar-se, encaixar-se e reconstituir o perfil total da história”. (A Verdade e as formas jurídicas, pág. 37).


No sonho sonhado por Chris ou o seu delírio-manifesto de culpa, quase um auto libelo crime acusatório, onde aparecem a idosa e Nola que o interrogam sobre o motivo do duplo assassinato, inclusive do filho que se encontra no ventre de Nola, Chris verbaliza uma frase dita por Sófocles – talvez em Édipo -, o que nos remete novamente à atualidade das Tragédias Gregas: “Jamais ter nascido pode ser a maior dádiva de todas”, a fazer referência ao filho que Nola levava no ventre ou provavelmente à sua própria existência.


Chris, para se salvar e se manter na Ambição e no Poder, traça o triste destino daquelas pessoas que, por "falta de sorte”, tornam-se um empecilho e um obstáculo em sua vida, matando-as e matando o próprio filho. Esse último, um contraponto de Édipo que cometeu o Parricídio (o filho que mata o pai). A traçar, por consequência – com fina arquitetura –, tal como Édipo, o próprio Destino.

“(...) Podemos dizer, portanto, que toda a peça de Édipo é uma maneira de deslocar a enunciação da verdade de um discurso de tipo profético e prescritivo a um outro discurso, de ordem retrospectiva, não mais da ordem da profecia, mas do testemunho. É ainda uma certa maneira de deslocar o brilho ou a luz da verdade do brilho profético e divino para o olhar, de certa forma empírico e quotidiano, dos pastores. Há uma correspondência entre os pastores e os deuses. Eles dizem a mesma coisa, eles vêem a mesma coisa, mas não na mesma linguagem nem com os mesmos olhos. Em toda a tragédia vemos esta mesma verdade que se apresenta e se formula de duas maneiras diferentes, com outras palavras, em outro discurso, com outro olhar. Mas esses olhares se correspondem um ao outro. Os pastores respondem exatamente aos deuses e podemos dizer até que os pastores os simbolizam. O que dizem os pastores é, no fundo, mas de outra forma, o que os deuses já haviam dito.(...)” (A Verdade e as formas jurídicas, p. 40).


Ato final, ao chegar em casa, após o nascimento do filho que tem com Chloé, sem demonstrar qualquer aparente gesto de sensibilidade ou afeto, Chris nos deixa mais uma pista.


Cabe a nós, do lado de cá, decifrar o enigma da Esfinge (de novo Édipo em Sófocles):

- Com semblante nostálgico, mesclado com um olhar enigmático, duro e frio, que quase nos intercepta o caminho e nos captura o coração pela compaixão e pela empatia, a fitar o Vazio, o Nada, lá está Chris a engendrar – aí está o enigma da Esfinge - o próximo passo nessa trajetória de manipulação de peças de encaixes do Destino, cuja sorte, para muitos e não raras vezes, tragicamente derrete, escorre e se nos escapa entre os dedos.


“(...) O que falta é exatamente o que lhes dá uma espécie de esperança, pois o deus predisse que Laio não seria morto por qualquer um, mas por seu filho. Portanto, enquanto não se provar que Édipo é filho de Laio, a predição não estará realizada. Esta segunda metade é necessária para que a totalidade da predição seja estabelecida, na última parte da peça, pelo acoplamento de dois testemunhos diferentes. Um será o do escravo que vem de Corinto anunciar a Édipo que Políbio morreu. Édipo, que não chora a morte de seu pai, se alegra dizendo: "Ah! Mas pelo menos eu não o matei, contrariamente ao que diz a predição". E o escravo replica: "Políbio não era teu pai". (...) .(A Verdade e as formas jurídicas, págs. 36-7).


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Ouça a playlist de Macth Point clicando aqui.



Quando?

18/03/23

Roda de conversa: das 16h às 18h

Onde?

Na sua casa através do aplicativo Zoom  (Play Store) (Apple Store)


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Para participar, é importante cadastrar o seu melhor e-mail em nosso site.

O link de acesso à sala ZOOM será enviado às 08h no dia do evento, além das atualizações das próximas rodas de conversa e cirandas de leitura.


Como garantia, vamos deixar o link para acesso a sala ZOOM disponível aqui. Para entrar, basta clicar no botão abaixo à partir das 15h45 no dia do evento.





ID da reunião: 865 1505 1302

Senha de acesso: 870996


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